Dia Nacional da Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial
A hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta, é uma condição de saúde que afeta uma parcela significativa da população brasileira. Embora muitos associem a hipertensão a sintomas como tontura, falta de ar e dor de cabeça, a realidade é que essa doença é frequentemente assintomática, o que a torna ainda mais perigosa. Se não for controlada, a hipertensão pode reduzir a expectativa de vida do indivíduo. Dia 26 de abril é o Dia Nacional da Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial.
No Brasil, estima-se que a hipertensão atinja cerca de 32,5% dos adultos, o que representa aproximadamente 36 milhões de pessoas. Alarmantemente, mais de 60% dos idosos também são afetados por essa condição. A hipertensão arterial contribui, direta ou indiretamente, para metade das mortes por doenças cardiovasculares no país. No entanto, muitas pessoas desconhecem sua condição, ou não seguem um tratamento adequado, devido à ausência de sintomas evidentes.
Em Minas Gerais, a situação da hipertensão arterial apresenta números preocupantes, com seis em cada dez mineiros diagnosticados com o problema enfrentando um quadro fora de controle. De acordo com dados do programa federal Previne Brasil, apenas 35% dos hipertensos no estado realizaram a medição da pressão arterial nos últimos seis meses, um critério essencial para o acompanhamento adequado do paciente. Em comparação com outros estados, Minas Gerais se encontra abaixo da média, com números mais próximos aos piores marcadores, como Roraima (23%), seguido pelo Rio de Janeiro e Acre (ambos com 24%), enquanto os melhores índices estão no Ceará (47%) e em Alagoas (45%).
“As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, sendo a hipertensão muito comum na população e um grande fator de risco para essas doenças. Manter a pressão arterial dentro dos valores considerados saudáveis reduz o risco de danos aos vasos sanguíneos e ao coração, prevenindo complicações graves como o infarto e acidente vascular cerebral (AVC)”, afirma o cardiologista Dr. Conrado Lelis Ceccon, do Mater Dei Santa Clara.
Dados do Instituto Nacional de Cardiologia revelam um crescimento nas internações por infarto no Brasil entre os anos 2008 e 2022. Tanto homens quanto mulheres foram afetados, com um aumento médio mensal de 158% e 157%, respectivamente. “O risco de hipertensão arterial e infarto aumenta com a idade, tanto para homens quanto para mulheres. No entanto, nas últimas décadas, tem-se observado um aumento nas internações por infarto em faixas etárias mais jovens, possivelmente devido a fatores como estilos de vida não saudáveis, obesidade e estresse. É importante destacar que a prevenção e o controle da pressão arterial devem ser priorizados em todas as idades”, alerta o médico.
De acordo com o cardiologista, a hipertensão é um dos fatores responsáveis pela lesão vascular por endurecimento e estreitamento das artérias (processo conhecido como aterosclerose) que, associada a fatores inflamatórios, pode ocasionar o rompimento das placas de gordura seguida da ativação do sistema de coagulação com a formação de um coágulo. A obstrução do vaso por esse coágulo reduz a oferta de sangue com oxigênio e nutrientes para o músculo cardíaco, o que ocasiona a morte destas células – processo grave e potencialmente fatal, conhecido como infarto. No Brasil, há 36 milhões de adultos diagnosticados com essa condição, o que eleva consideravelmente o risco de problemas cardíacos.
Por outro lado, a hipertensão secundária pode surgir como resultado de condições médicas subjacentes, como doença renal, distúrbios da tireoide ou problemas nas glândulas suprarrenais. Essas condições podem levar a uma elevação súbita e severa na pressão arterial, exigindo um tratamento específico para a causa subjacente.
“Um dos principais desafios é que a maioria das pessoas com hipertensão não sabe que têm a condição (hipertensão frequentemente não ocasiona sintomas ou leva a sintomas inespecíficos). Além disso, mesmo quando diagnosticados, muitos pacientes não aderem ao tratamento recomendado, seja por esquecimento, efeitos colaterais dos medicamentos ou falta de compreensão da importância do tratamento contínuo”, afirma Conrado.
Além do sexo e da idade, quatro fatores de risco – diabetes, tabagismo, pressão arterial elevada e colesterol elevado – contribuem de forma importante para o risco cardiovascular, especialmente quando combinados. Outras condições ou hábitos podem também contribuir indiretamente como obesidade, falta de atividade física e alimentação não saudável. “É crucial abordar todos esses fatores para reduzir o risco de infarto em pacientes com hipertensão arterial”, reforça Conrado.