Prêmio CBMM de Ciência e Tecnologia divulga vencedores da edição 2024
A CBMM, empresa brasileira líder mundial na produção e comercialização de produtos de Nióbio, divulgou o resultado da sexta edição do Prêmio CBMM de Ciência e Tecnologia. Criada em 2019, a iniciativa busca valorizar e reconhecer profissionais que, por meio de pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos, impactam o Brasil e o mundo.
Na categoria Ciência, o vencedor foi Marcos Pimenta. Graduado e mestre em Física pela UFMG, com doutorado pela Université d’Orléans, na França, e pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), ele criou o Laboratório de Espectroscopia Raman, na UFMG. O espaço é dedicado a encontrar respostas sobre materiais que estão transformando a eletrônica e a computação.
A informática conhecida hoje, com equipamentos e sistemas cada vez menores, só foi possível graças à descoberta dos semicondutores e, mais recentemente, da nanotecnologia. O trabalho de Marcos Pimenta foi desenvolvido justamente para desvendar o funcionamento dos elementos que tornarão possíveis as evoluções dessas tecnologias – como o grafeno e os nanotubos de carbono. Seu laboratório estuda materiais nanoscópicos (1000x menores que os microscópicos) a partir da espectroscopia Raman – técnica que consiste em jogar um feixe de luz em um material e examinar o comportamento de seus átomos e elétrons.
Junto a colegas de outras áreas, Marcos se dedicou ainda à escrita da coleção de livros “Energia, Matéria e Vida”, que traduz o conhecimento científico para alunos do ensino médio, tornando o assunto mais palatável, acessível e incentivando a descoberta da ciência pelos jovens.
“Além das minhas atividades de pesquisa, procuro me dedicar à importante tarefa de formar novos talentos. Oriento estudantes de graduação e pós-graduação, incentivando a pesquisa científica, mas também penso na geração seguinte, que precisa entender a relevância da ciência em suas vidas. Por meio dessa coleção de livros, buscamos não apenas transmitir conhecimento, mas despertar a curiosidade dos jovens e tornar acessíveis tantos conceitos complexos. Dessa forma, vamos ajudando a moldar o futuro da pesquisa em nanotecnologia”, afirma.
Na categoria Tecnologia, a primeira colocação ficou com Marcelo Amato. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo e atual chefe da UTI-Respiratória do INCOR-Hospital das Clínicas, ele acumula mais de 240 publicações científicas em língua inglesa, além de 28.200 citações em publicações independentes. Seus estudos foram dedicados a descobrir e aprimorar instrumentos e monitores à beira leito, com o objetivo de reduzir a mortalidade em pacientes intubados e aperfeiçoar o trabalho nas Unidades de Tratamento Intensivo. De 1995 a 2005, uma série de trabalhos publicados por ele e seus colegas de laboratório mudaram o paradigma da ventilação mecânica ao redor do mundo, demonstrando que a estratégia utilizada entre os anos 70 e 90 causava inflamação oculta do tecido pulmonar, duplicando a mortalidade dos pacientes.
“Desde o início dos meus estudos na Medicina, sempre fui fascinado por tudo o que permeia a experiência de vida e morte. Os longos períodos que passei trabalhando em UTI me instigaram a pensar em alguma solução que pudesse oferecer uma melhora no estado dos pacientes entubados e trouxesse aos colegas melhores informações sobre a condição pulmonar desses pacientes, em tempo real. Foi a partir disso que desenvolvi a Tomografia por Impedância Elétrica”, explica.
A tecnologia, que permite uma ventilação pulmonar mais protetora, é não-invasiva e isenta de radiação ionizante. Por poder ser utilizada à beira-leito, evita o transporte arriscado do paciente, tem resolução temporal equivalente ao ultrassom e ainda possui custo 100 vezes menor que o de um equipamento de tomografia convencional. O equipamento foi inteiramente desenvolvido no Brasil e já é exportado para 28 países, com aprovação do FDA (Food and Drug Administration), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.
O Prêmio CBMM de Ciência e Tecnologia, edição 2024, contou com a expressiva marca de 2.448 inscritos. Para Ricardo Lima, CEO da CBMM, isso é motivo de alegria: “Ter um número tão elevado de participações nos deixa motivados em seguir com a iniciativa. Quando valorizado e encorajado, o caminho da pesquisa e desenvolvimento pode render muitos frutos à sociedade”, ressalta.
A apuração do vencedor de cada categoria foi realizada por uma comissão julgadora independente, composta por sete membros de notório saber nas áreas do Prêmio CBMM de Ciência e Tecnologia. Os dois critérios de avaliação foram “criatividade e originalidade” e “contribuição e impacto para ciência ou desenvolvimento e inovação”.