Por que Araxá tremeu? Especialista explica causas do terremoto registrado na região
Dados preliminares indicam que o epicentro foi localizado em uma área próxima à MG-428, nas imediações do rio Araguari, entre Araxá e Sacramento. A região é marcada por antigas falhas geológicas, onde pode ter ocorrido o deslocamento de rochas no interior da crosta terrestre, provocando a liberação de energia sísmica.
O geólogo Maurício Carneiro, mestre em Mineralogia e Petrologia e doutor em Geoquímica e Geotectônica, explica que o Brasil está situado sobre uma plataforma continental muito antiga, formada por rochas com mais de 600 milhões de anos. Segundo ele, quando ocorre a liberação súbita dessa energia, as ondas sísmicas se propagam rapidamente a partir do foco do terremoto, alcançando a superfície.
“A magnitude próxima de 4 representa uma liberação muito significativa de energia sísmica, equivalente a cerca de 100 toneladas de explosivos. Um abalo dessa intensidade deve ser considerado forte para os padrões da região, mesmo que, em áreas mais sísmicas do planeta, eventos semelhantes sejam tratados como de menor impacto. Terremotos rasos tendem a ser mais perigosos do que os profundos, justamente porque a energia não se dissipa tanto antes de atingir a superfície”, explica.
Mineração e barragens
Araxá está inserida em uma região marcada por intrusões alcalinas ocorridas há cerca de 60 milhões de anos, responsáveis pela formação de metais, como o nióbio e as terras raras. Sobre possíveis impactos em barragens, o especialista esclarece que qualquer estrutura localizada próxima ao foco de um terremoto pode sofrer efeitos das ondas sísmicas, a depender da intensidade e da profundidade do evento.
“As barragens da região são monitoradas continuamente, especialmente após os desastres ocorridos em Minas Gerais nos últimos anos. Para que houvesse algum dano relevante, o foco do terremoto precisaria estar muito próximo da estrutura”, destaca Maurício.
O geólogo também afastou qualquer relação entre a atividade minerária e a ocorrência do tremor. Segundo ele, a movimentação do solo causada pela mineração é extremamente pequena quando comparada à dinâmica natural da Terra. “O que fazemos na superfície é insignificante para o sistema terrestre. A mineração não provoca terremotos e não interfere na dinâmica da crosta”, conclui Maurício.
Defesa Civil registra duas ocorrências
Até o momento, a Defesa Civil de Araxá registrou duas ocorrências com danos leves (trincas e fissuras) relacionadas ao abalo sísmico na cidade. O órgão segue em monitoramento constante, diante da possibilidade de réplicas (tremores posteriores de menor intensidade que podem ocorrer devido ao reajuste da crosta terrestre). Em caso de necessidade, a Defesa Civil de Araxá atende em plantão 24 horas pelo telefone 199.










